Vereador de Sorocaba tem ligações com empresário preso em ação da PF acusado de ser operador financeiro do PCC
20/12/2024
Ademir Pereira de Andrade fez doação para campanha do vereador Cícero João (Agir), de Sorocaba (SP). A operação em que ocorreu a prisão do empresário foi na terça-feira (17). Empresário preso em operação da PF fez doação para vereador de Sorocaba (SP)
Reprodução/TSE
O vereador de Sorocaba (SP) Cícero João (Agir) tem ligações e recebeu doação para campanha do empresário Ademir Pereira de Andrade, preso na terça-feira (17) durante a "Operação Tacitus", da Polícia Federal, acusado de ser integrante e operador financeiro do PCC.
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Cícero afirma que tem "uma vida empresarial além da vida política" e negou ter negócios com o empresário. Confira a nota completa no fim da reportagem.
Das oito pessoas identificadas no esquema criminoso, sete foram presas na operação e uma é considerada foragida e é procurada. Conforme a investigação, R$ 72 milhões teriam sido movimentado pelo grupo.
Vereador de Sorocaba tem ligações com empresário preso em ação da PF
A doação financeira, de R$ 16 mil, ocorreu na eleição em que o parlamentar foi eleito pela primeira vez, em 2020. À época, Cícero recebeu R$ 96 mil de campanha. O CPF presente na declaração da doação apresentado à Justiça Eleitoral é o mesmo para o qual o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) emitiu mandado de prisão na terça-feira (17).
Além da doação de campanha, a relação entre Cícero e Ademir também pode ser vista nas redes sociais. Os dois são seguidores mútuos e é possível observar curtidas recentes em postagens.
A última interação entre os dois ocorreu no domingo (15), dois dias antes da prisão do empresário. Cícero participou de um encontro de prefeitos e vice-prefeitos eleitos na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Na postagem, uma das curtidas é do perfil do empresário preso. Assim como essa interação, há dezenas entre os perfis dos dois.
Vereador de Sorocaba (SP) mantém ligações com empresário preso
Reprodução/Instagram
Ademir também teria negócios em Sorocaba, como imóveis de aluguel.
O vereador Cícero João não foi eleito para ocupar uma das 25 cadeiras na próxima legislatura. Porém, existe a possibilidade de que ele retorne ao Legislativo, já que é o primeiro suplente de seu partido, o Agir.
O que diz o vereador e a defesa do empresário
O g1 questionou o vereador Cícero João sobre a relação com o empresário. Em nota, ele afirmou que tem "uma vida empresarial" além da vida política e negou ter negócios com o empresário. Confira a nota na íntegra:
"Além da minha vida política, tenho uma vida empresarial, onde acabamos conhecendo muita gente. Não tenho negócios com o Ademir. O conheci como um empresário do setor de construção e imobiliário. Sempre me pareceu uma pessoal de boa índole. Não me recordo se recebi alguma doação dele, porque minha campanha sempre foi de baixo custo e tudo sempre declarado à Justiça Eleitoral."
O g1 entrou em contato com a defesa de Ademir, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
Sobre a operação
A operação Tacitus, realizada pelo Gaeco de São Paulo e pela Polícia Federal, ocorreu por causa de um inquérito na 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Capital. Além de Ademir, foram presos um delegado, investigadores e outras pessoas acusadas de serem integrantes do PCC.
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
O trabalho é resultado do cruzamento de diversas investigações sobre o PCC, inclusive o assassinato do delator Vinícius Gritzbach, ocorrido em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Veja no vídeo acima.
Todos os presos teriam sido delatados por Gritzbach para a Corregedoria da Polícia Civil e também para os promotores do Gaeco de São Paulo.
O empresário Ademir, por exemplo, é réu, assim como Griztbach também era, em ação penal que corre também em São Paulo, acusados pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) de terem lavado dinheiro para integrantes do PCC na compra de imóveis no bairro de Tatuapé em São Paulo e no litoral, em Riviera de São Lourenço. Ele foi notificado pela Justiça deste caso, no dia de sua prisão, na terça-feira (17).
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