Motorista de BMW sem carteira de habilitação que atropelou e matou motociclista é julgado após 5 anos
16/05/2025
(Foto: Reprodução) Gustavo Silva, que tinha 18 anos em 2019, é acusado de homicídio por dolo eventual por matar Leandro Caproni, de 27, em SP. Ele também é acusado de lesão corporal por ferir passageiro de outro carro. Câmera gravou acidente. Motorista Gustavo Amaro da Silva atropelou e matou motociclista Leandro Caproni em 2019 em São Paulo
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Após cinco anos, o motorista que dirigia uma BMW sem carteira nacional de habilitação (CNH) e atropelou e matou um motociclista começou a ser julgado na manhã desta sexta-feira (16) em São Paulo. O caso repercutiu na imprensa à época.
Gustavo Amaro Silva, que tinha 18 anos em 2019, é acusado de homicídio por dolo eventual por ter causado a morte de Leandro Caproni, que estava com 27 anos. Ele também é acusado de lesão corporal por ferir o passageiro de outro carro atingido pela BMW.
Uma câmera de segurança gravou parte do acidente em que Gustavo perdeu o controle do veículo de luxo, invadiu o canteiro central, entrou na contramão da via e atingiu a moto e o outro automóvel (veja vídeo abaixo).
O acidente ocorreu no dia 22 de dezembro de 2019 da Radial Leste, na Zona Leste da capital paulista. A perícia da Polícia Técnico-Científica não conseguiu concluir qual foi a velocidade que a BMW estava.
O réu responde aos crimes em liberdade.
Vídeo mostra momento do acidente que matou motociclista em São Paulo
O julgamento ocorre no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista. Como Gustavo deu entrada recentemente numa clínica psiquiátrica, alegando motivos de saúde mental, a Justiça autorizou que ele possa acompanhar o júri popular por videoconferência. O mesmo equipamento permitirá que ele possa ser interrogado e visto pelos jurados.
Leandro era formado em comunicação, dono de uma produtora de filmes e estava a caminho de casa, na Vila Matilde, na Zona Leste, quando foi atropelado. O impacto da colisão com a BMW quase decepou a cabeça do motociclista, que morreu na hora com politraumatismo.
O limite da via é de 50 km/h. O velocímetro do carro de luxo travou em 110 km/h. Segundo peritos, essa informação pode ser um indicativo de que o motorista dirigia acima da máxima permitida para a via. Mas isso não pode determinar qual a velocidade que o carro estava pois dependeria de mais exames _que foram inconclusivos.
Gustavo tinha pego o carro do amigo do pai dele, dono de um restaurante. Depois deu carona para um funcionário do estabelecimento. Apesar disso, o motorista não tem a CNH, o que já seria considerado crime dirigir um veículo sem habilitação.
Velocímetro da BMW marcou 110 km/h após o acidente, segundo foto tirada pela perícia da Polícia Técnico-Científica
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Quando foi ouvido pelas autoridades antes do julgamento desta sexta, Gustavo chegou a dizer que aprendeu a dirigir sozinho e já tinha guiado outros veículos. Falou ainda que "perdeu o controle do automóvel ao passar por cima de um desnível existente no asfalto, e por causa disso o carro capotou".
Contou ainda que não lembrava a velocidade que digiria e "nem que tenha atingido outros veículos e objetos". Disse ainda que o dono da BMW não sabia que ele havia pego o carro. O veículo, avaliado em R$ 200 mil, estava com os pneus carecas.
Nas imagens é possível ver a BMW derrubando duas árvores que estavam no canteiro. Elas atingiram outro automóvel que passava pela via, mas não feriram a motorista.
Gustavo chegou a ser preso em flagrante pela polícia à época. Mas depois a Justiça arbitrou uma fiança para ele pagar e responder ao crime em liberdade.
Carro de luxo atingiu outros dois carros, além de moto
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O g1 não conseguiu localizar a defesa do réu para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem. Seus advogados tentaram nesta sexta adiar o julgamento pela segunda vez, alegando que Gustavo está internado. Mas a Justiça não concordou e determinou que ele fale por videoconferência.
Numa foto postada em sua rede social antes do acidente que causou, Gustavo havia escrito: "Meu hobby por velocidade não é curiosidade..."
"Espero que ele receba pelo menos uns 13 a 14 anos de pena", disse o advogado Luís Fernando Beraldo, que defende os interesses da família de Leandro.
Leandro teve a vida interrompida anos depois de ter criado uma produtora de vídeos em 2013. Ele fazia videoclipes, documentários e curta-metragens. No site de sua empresa, ele descrevia seu trabalho como "um registro do cotidiano da metrópole, que levanta questões sociais relevantes da nossa realidade".
Canteiro da Radial Leste
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