Motociclista morto com paulada na cabeça durante viagem havia escapado de assalto na mesma estrada, diz filha
23/01/2025
(Foto: Reprodução) Anselmo França, de 58 anos, morreu após ser agredido e roubado na Rodovia dos Imigrantes, em São Vicente (SP). Anselmo França foi atacado por dois criminosos em São Vicente, na Rodovia dos Imigrantes
Arquivo pessoal
Anselmo França, o motociclista de 58 anos que morreu após ser golpeado com um pedaço de pau na Rodovia dos Imigrantes, sofreu uma tentativa de assalto no mesmo trecho aproximadamente três meses antes do ocorrido. As informações são da filha da vítima, que busca por respostas sobre a morte do pai. "'Não pode ficar desse jeito, não é justo", desabafou ela.
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A PM foi acionada para a ocorrência no quilômetro 67 da rodovia, na altura de São Vicente, no litoral de São Paulo, por volta das 12h46 do último domingo (19). De acordo com boletim de ocorrência, testemunhas relataram que dois homens participaram da ação e agrediram a vítima.
Ao g1, a filha de Anselmo, a gerente comercial Beatriz França Bernardino, de 32 anos, afirmou que o celular do pai foi roubado. Apesar disso, os criminosos deixaram a carteira e a motocicleta no local. A vítima foi socorrida ao Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, mas não resistiu e morreu.
“A gente fica indignado, porque a gente passou no lugar, o acidente aconteceu na hora do almoço, estava extremamente claro. E a gente não consegue entender como aconteceu essa fatalidade, como fizeram com isso e não tem uma resposta”, comentou Beatriz.
Em nota, a Ecovias lamentou a morte de Anselmo. "Estamos colaborando integralmente com as autoridades policiais nas investigações sobre o ocorrido e acompanhando o andamento dos trabalhos", alegou (confira o posicionamento completo adiante).
Escapou de assalto
Grávida de seis meses, Beatriz disse que o pai se mudou de São Paulo para Praia Grande há aproximadamente dois anos e meio. A Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), confirmou que ele era operador de guincho terceirizado.
Anselmo estava de folga na data do crime e, segundo a filha, deixou a casa da namorada na capital paulista com destino à Baixada Santista. Beatriz recebeu a notícia por meio de uma ligação do irmão mais novo. “Nessa hora, quem pegou o telefone foi o meu marido porque eu já não conseguia mais falar nada”, disse.
Segundo Beatriz, antes da morte, o pai contou à família que escapou de um assalto no local, em outubro de 2024. De acordo com o relato, Anselmo quase foi abordado por criminosos na mesma altura da rodovia onde foi atacado no último domingo.
“[Anselmo contou] que um carro estava do lado dele e avisou que tinha umas pessoas ali para fazer assalto. Meu pai viu os caras vindo atrás dele, só que estavam em uma moto [...]. Disse que acelerou, entrou com tudo na primeira saída e foi correndo muito. Aí, conseguiu dar fuga”, explicou Beatriz.
Na época, a mulher ficou preocupada e pediu para o pai vender a moto. Apesar disso, por conta da praticidade, o homem continuou com o veículo. “Como ele vinha muito para São Paulo ver a gente, a moto era o meio de transporte mais fácil e mais barato", lembrou.
O que causou a morte?
Anselmo França, de 58 anos, morreu após ser agredido e roubado na Rodovia dos Imigrantes
Redes Sociais e Divulgação/Portal CCI
Beatriz disse ter reconhecido o corpo do pai no Hospital Irmã Dulce. No dia seguinte, segundo ela, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou as causas da morte: hemorragia subaracnoidea [sangramento que ocorre entre o cérebro e as meninges] e traumatismo cranioencefálico.
De acordo com a mulher, a família ficou intrigada com a informação sobre ferimentos no tórax de Anselmo, registrada no boletim de ocorrência. Segundo ela, o assunto não foi citado pelo IML. Sem detalhes sobre as 'pauladas', os familiares seguem apreensivos.
"Eu e meu irmão entramos para ver [reconhecer o corpo] e ele estava com o olho bem roxo e o rosto bem machucado. E, aí, a gente ficou assim: 'Como que foi uma paulada no tórax, ele estava de capacete, e o rosto dele estava todo machucado?' A gente ficou sem entender”, disse ela.
A indignação aumentou uma vez que, ainda segundo Beatriz, a Ecovias informou que as câmeras da rodovia não registraram o crime. Ela destacou que, nas duas vezes em que passou pelo trecho, também não viu policiamento.
Além disso, a mulher ressaltou que ainda não teve atualizações sobre a investigação policial. "Não pode ficar desse jeito, não é justo, ele não merecia isso”, lamentou.
Em relação às imagens, a Ecovias informou que a ação ocorreu "fora do campo de visão do equipamento, no entanto, [os vídeos] estão disponíveis às autoridades competentes".
Anselmo França
Beatriz descreveu o pai com carinho. Segundo ela, Anselmo era um motorista responsável e "chato" com a velocidade ao dirigir. "Com a moto, eu sei que ele nunca era uma pessoa que passava do limite ou desrespeitava qualquer regra de trânsito”, afirmou.
“Meu pai era uma pessoa muito honesta e muito correta com tudo. Então, eu tenho certeza de que, se fosse qualquer um de nós, ele iria atrás da Justiça. E é o que a gente quer, porque se tinha alguém que não merecia passar por isso, esse alguém era o meu pai”, lamentou ela.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), em busca de mais informações, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Ecovias
A Ecovias afirmou que mantém uma relação "constante de parceria com as autoridades competentes, com monitoramento 24 horas, além de medidas de proteção constantemente atualizadas".
A concessionária acrescentou que ocorrências de segurança pública registradas nas rodovias são "sempre analisadas e tratadas pelo policiamento, com apoio da Ecovias, para possíveis reforços e alterações de estratégia".
A Ecovias declarou que a ação ocorreu "fora do campo de visão do equipamento" e ressaltou que as câmeras têm como principal objetivo auxiliar a operação rodoviária.
"O SAI conta com 180 câmeras voltadas ao monitoramento do tráfego, além de 15 câmeras especiais para uso específico da polícia", finalizou a concessionária.
Investigação
Conforme informado anteriormente pela SSP-SP, o caso é investigado como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte.
A ocorrência foi registrada pela Delegacia de São Vicente, que solicitou perícia ao local. Ainda de acordo com a pasta, a corporação realiza "diligências visando à identificação e prisão dos autores".
Motociclista morre após ser golpeado por pedaço de madeira na cabeça no litoral de SP
Divulgação/Portal CCI
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