Em depoimento, amante diz que médico se preocupava com divisão de bens em divórcio com professora morta envenenada
14/05/2025
(Foto: Reprodução) O pedido de divórcio, feito por Larissa Rodrigues pouco antes de morrer, é justamente uma das possíveis motivações do crime. Ministério Público acredita que pernoite de Luiz Garnica no apartamento da amante foi usado como álibi. Amante do médico Luiz Antonio Garnica prestou novo depoimento
Reprodução/EPTV
A mulher de 26 anos citada como amante do médico Luiz Antonio Garnica, suspeito de envenenar e matar a professora Larissa Rodrigues, prestou novo depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (14).
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Segundo o Ministério Público, que acompanhou a fala de cerca de uma hora, a mulher afirmou que Garnica relatava a ela, antes de Larissa ser achada morta, preocupação com divisão de bens em caso de divórcio com a professora.
O divórcio é uma das possíveis motivações do crime, já que o MP obteve acesso a mensagens que a vítima enviou para o marido para falar sobre a separação do casal.
"A moça que foi ouvida hoje trouxe um dado muito importante: que ele [Luiz] teria confirmado a ela que estava preocupado com eventual partilha de bens com relação à Larissa no caso de divórcio. Não sei o patrimônio que eles constituíram juntos, mas ele estava preocupado, disse para a amante, no sentido de ter que dividir os bens com ela [Larissa]", disse o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino.
O objetivo desse segundo depoimento também era apurar se a permanência do médico no apartamento da jovem com quem tinha uma relação extraconjugal, na noite que antecedeu a morte de Larissa, foi citada como um álibi, ou seja, um elemento que ajudaria a desvincular o médico do crime.
Para Nicolino, essa é a possibilidade mais provável.
"Segundo ela [amante], ele frequentava e até dormia na casa dela com uma certa frequência, mas é claro que dá a entender que ele quis criar um álibi, quis ser visto publicamente, ele foi visto em um cinema com ela, ele pernoitou na casa dela de forma a constituir um álibi, no sentido de que ele não estava na casa [de Larissa] quando o fato teria ocorrido", afirmou.
A testemunha foi ouvida pela primeira vez pela Polícia Civil em 11 de abril, antes do cumprimento das prisões temporárias de Garnica e da mãe dele, sogra de Larissa, Elizabete Arrabaça. Na ocasião, ela confirmou aos policiais informações que o próprio Garnica havia mencionado anteriormente, logo após a morte da professora.
Ela disse que mantinha uma relação extraconjugal com o médico e que passou com ele a noite de 21 de março, a que antecedeu a morte de Larissa, depois de irem ao cinema juntos. Também disse que, no dia seguinte, recebeu uma mensagem de Garnica informando que a professora estava morta e que ele não sabia o que fazer.
O médico Luiz Antonio Garnica ao lado de mulher que, segundo ele, passou a noite com ele após cinema em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
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O que diz a defesa?
Depois do depoimento, o advogado da mulher, Henrique Teodoro de Lima, falou com a imprensa e pontuou o desejo da defesa pelo esclarecimento do caso. Ele também garantiu que a cliente colabora com as investigações.
"Desde o início, ela colabora com as investigações, ela está à disposição da Justiça. Desde o início das investigações, ela se mostra muito pronta, forneceu todas as investigações relativas ao caso. Infelizmente, isso se tornou um caso de grande repercussão, mas isso não é um circo. É uma investigação séria, que deve ser levada de maneira sério. Assim como a família e os envolvidos, nós queremos também saber o desfecho."
Investigações
Garnica está preso temporariamente desde 6 de abril, assim como a mãe dele, sogra de Larissa, Elizabete Arrabaça. Eles tiveram pedidos de habeas corpus recusados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e respondem por homicídio qualificado na fase de inquérito policial. Embora a prisão tenha prazo de 30 dias, ela ainda pode ser prorrogada.
Uma das suspeitas dos investigadores é de que Larissa morreu depois de demonstrar intenção de se separar do marido ao descobrir o caso que ele mantinha fora do casamento.
"A relação extraconjugal entra no contexto do pedido de divórcio. Continuamos entendendo, pelo menos por ora, que o que motivou isso tudo foi o pedido de divórcio que ela fez com relação ao investigado", afirma Nicolino.
Um laudo toxicológico apontou a presença de "chumbinho" no organismo da vítima e há suspeitas de que ela foi envenenada aos poucos. A sogra é apontada como a última pessoa a estar com Larissa antes da morte dela.
Luiz Antonio Garnica foi preso por suspeita no envolvimento da morte da esposa, Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
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