Banco Master: Instituto de Previdência de São Roque investiu R$ 93 milhões em banco que sofreu liquidação
18/11/2025
(Foto: Reprodução) Banco Master: Instituto de São Roque investiu R$ 93 milhões em banco que sofreu liquidação
O Instituto de Previdência dos Servidores de São Roque (SP) comprou mais de R$ 93 milhões em letras financeiras do Banco Master, que entrou em liquidação extrajudicial nesta terça-feira (18). Segundo o instituto, a aquisição foi feita em 2024.
O São Roque-Prev informou que a compra foi realizada seguindo os ritos legais e técnicos, com pareceres de assessoria de investimentos, aprovação do Comitê de Investimentos, ciência e homologação dos Conselhos Fiscal e Deliberativo. O instituto disse ainda que acompanha o cenário econômico para adotar medidas a fim de resguardar os servidores municipais.
"É importante salientar que, à época dos investimentos, a instituição financeira estava regularizada pelos órgãos competentes (Banco Central, CVM e Secretaria de Regimes Próprios) e possuía avaliações satisfatórias de agências internacionais de rating, o que respaldou a operação. Reforçamos que todo o processo atendeu à Resolução CMN 4.963/2021 e todos os documentos exigidos foram encaminhados ao Tribunal de Contas."
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BC decreta liquidação extrajudicial do Banco Master
Em abril deste ano, a Procuradoria do Ministério Público de Contas de São Paulo (MPC-SP) apontou que cinco institutos de previdência social de servidores municipais haviam aplicado centenas de milhões de reais no Banco Master, entre eles o de São Roque. O comunicado serviu como alerta às instituições.
🔎 A liquidação extrajudicial ocorre quando o Banco Central encerra as atividades de um banco que não tem mais condições de operar. Um liquidante assume o controle, fecha as operações, vende os bens e paga os credores na ordem prevista em lei, até extinguir a instituição. Nessa fase, as operações são finalizadas e o banco deixa de integrar o sistema financeiro nacional.
De acordo com o MPC-SP, no caso de São Roque, o investimento representava 18% da carteira do instituto, o que aumentaria o risco. As compras foram feitas em um período de menos de seis meses.
"É possível que, em caso de 'default' da referida instituição financeira, sejam significativamente afetados os patrimônios dos RPPS municipais, sendo oportuna pronta atuação deste Tribunal de Contas na fiscalização de tais investimentos", alertou o procurador Rafael Neubern Demarchi Costa, na época da divulgação.
Ainda conforme o MPC-SP, letras financeiras são títulos de renda fixa emitidos por bancos, que pagam rendimentos mais altos, mas exigem investimentos de longo prazo.
Instituto de Previdência Social de São Roque (SP)
Google Street View/Reprodução
Ao todo, os cinco institutos investiram cerca de R$ 218 milhões no Banco Master:
Araras: R$ 29 milhões;
Cajamar: R$ 87 milhões;
Santa Rita d'Oeste: R$ 2 milhões;
Santo Antônio de Posse: R$ 7 milhões;
São Roque: R$ 93,15 milhões.
O g1 questionou o São Roque-Prev sobre o valor de mais de R$ 93 milhões, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Emprego de R$ 2 milhões em Santa Rita D'Oeste
O Instituto de Previdência Municipal de Santa Rita D’Oeste (SP) empregou R$ 2 milhões em letras financeiras do Banco Master. A procuradoria do Ministério Público de Contas constatou que o instituto aplicou a mesma importância no fundo "Texas I Fundo de Investimento em Ações" entre os meses de dezembro de 2023 e fevereiro de 2024.
O fundo possui aproximadamente 100% do patrimônio líquido investido em um único ativo, o que representa, conforme o MPC, um risco elevado para cotistas, uma vez que o desempenho da cota está atrelado à valorização ou desvalorização de um único papel que está sujeito a oscilações.
Além disso, foram apontados baixo número de cotistas, histórico de alta volatilidade das ações da empresa que o fundo possui como principal investimento, e falta de liquidez com a previsão de resgate de cotas somente diante de amortização integral ou liquidação da classe.
Segundo o procurador Rafael Neubern, as aplicações no fundo Texas, em 2024 e 2025, não seguiram as regras que garantem limites de proteção e prudência financeira, exigidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
No documentado enviado à Corte de Contas, o representante solicita que o responsável pelo Instituto de Previdência Municipal da cidade indique as decisões tomadas para o abrandamento do risco e que, se possível, avalie a possibilidade de saque dos recursos investidos até o momento.
Em nota, o instituto informou que os investimentos feitos pela autarquia no Banco Master seguiram critérios técnicos e foram embasados em relatórios apresentados por consultorias especializadas.
Conforme o instituto, os valores aplicados foram resgatados no mês de outubro, com as devidas correções e juros, e afirmou que não houve prejuízo aos segurados.
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